terça-feira, 24 de novembro de 2015

Análise Sintática de Período Composto

Na língua em uso são sempre necessários dois ou mais elementos linguísticos para que se efetue uma unidade significativa ou comunicativa. Assim, do morfema ao texto, temos sempre uma relação de unidades de nível linguístico inferior compondo outra unidade de nível superior:
morfema >> palavra >> sintagma >> oração (período) >> texto

Mais especificamente falando das orações, podemos estruturá-las, tendo em vista seus sintagmas, em período simples e período composto. A oração de período simples é composta por apenas um verbo, independente da quantidade de sintagmas, Já orações de período composto são comumente mais longas e possuem mais de um verbo, onde os sintagmas possuem relação de dependência sintática entre si, ou unidades apenas semanticamente dependentes.

(1) Nós sábados armavam-se barracas, fervilhavam matutos. (...) Os dados chocalhavam, as pedras estavam nos tabuleiros de gamão. (Graciliano Ramos)

Nenhuma das quatro orações presentes em (1) contraem função sintática em relação à outra, ainda que formando um conjunto semanticamente organizado. Temos então um período chamado de justaposição simples de orações, ou de um período composto por coordenação assindética, orações que não se iniciam por conjunções. 

Há dois processos básicos de se articularem orações em um período composto: a coordenação e a subordinação, podendo haver períodos em que só ocorre um ou outro processo, ou ambos, conjuntamente. Mas, o que significa exatamente "coordenar" e "subordinar" orações?
O processo de coordenação, seja por meio de orações apenas justapostas, sem conjunção, ou por meio de orações introduzidas por conjunções coordenativas, pressupõe um paralelismo de funções e valores sintáticos idênticos entre elas. 
A subordinação entre as orações não significa apenas tornas uma oração sintaticamente dependente da outra, mas também eleger qual ou quais delas irão conter a ideia relevante do período. Geralmente, é à chamada oração principal (que convém esteja presente a ideia principal) que cabe esse marco inicial de relevância, pois será sempre aquela que estará com sentido incompleto ou semi-incompleto, necessitando de aditivos sintáticos.

As orações subordinadas são assim denominadas porque exigem uma dependência sintática (além de semântica), isso significa que podem exercer funções sintáticas peculiares ao tipo de sintagma que estão representando no período composto. Assim, as orações substantivas equivalem a um sintagma nominal, as adjetivas a um sintagma adjetival e as adverbiais a um sintagma adverbial, contraindo funções sintáticas autorizadas pela base ou pela natureza morfológica desses sintagmas.

Uma oração substantiva tem uma natureza morfológica substantiva e pode desempenhar as mesmas funções sintáticas que um sintagma nominal desempenharia, pois preenche os requisitos para isso. O sintagma nominal funciona como sujeito. Por isso, no período composto, a oração que equivale a esse sintagma recebe o nome de subordinada substantiva subjetiva. 
De maneira mais prática, pode-se usar um método bastante conhecido, mas igualmente funcional, para identificar rapidamente o tipo de oração substantiva que existe em um período. Esse método prega a substituição da oração que supõe ser substantiva pelo pronome isso, analisando-se, a partir daí, a função que o pronome exerceria no período.

(2) A criança não percebeu que a babá sumiu.
(=A criança não percebeu isso.)
A oração subordinada em (2) é uma substantiva objetiva direta.

(3) O pedido foi que a festa não fosse realizada.
(=O pedido foi isso.)
A oração subordinada em (3) é uma substantiva predicativa.

(4) Uma só coisa me aborreceu: que adiassem a festa.
(=Uma só coisa me aborreceu: isso.)
A oração subordinada em (4) é uma substantiva apositiva.

(5) Todos precisam de que alguém que os console.
(=Todos precisam disso.)
A oração subordinada em (5) é uma substantiva objetiva.

(6) Tenho total certeza de que realizarei meu sonho.
(=Tenho total certeza disso.)
A oração subordinada em (6) é uma substantiva completiva nominal.

As orações substantivas são introduzidas pelas conjunções integrantes que (quando o verbo indica uma certeza) ou se (quando o verbo expressa incerteza ou quando ocorre uma interrogação indireta). Também podem ser introduzidas por palavras circunstanciais como: onde, como, quando, quanto.

Já a oração adjetiva é representada por um sintagma adjetival, e funcionará sempre como um modificador do núcleo do sintagma nominal.
Existe a oração adjetiva explicativa (que funciona como um sintagma autônomo, separado por vírgulas) e a oração adjetiva restritiva (que equivale a um sintagma interno e sintaticamente componente de outro sintagma). A primeira é usada para acusar uma característica casual, imprevista, ainda que totalizadora, enquanto a segunda indica sempre uma característica inerente, restrita ao elemento qualificado. 

A oração adverbial é representada com um sintagma de natureza de funções adverbiais. As orações subordinadas adverbiais indicam uma circunstância em relação à oração principal. Toda circunstância encerra uma ideia, uma condição particular e/ou acidental que acompanha um fato.
No caso de oração subordinadas adverbiais é importante não apenas classificar a oração adverbial ou qualquer outra, mas expressar por meio dela a ideia circunstancial, relevante ou complementar o que temos em mente. 

BIBLIOGRAFIA: SAUTCHUK, Inez. Prática de Morfossintaxe: como e por que aprender análise (morfo)sintática. 2° edição. Barueri, São Paulo. Manole, 2010. 

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